Prezado leitor,
Nos últimos dias, circulou no LinkedIn um artigo que afirmava que o GeoServer estaria obsoleto e em declínio, caracterizando-o como uma ferramenta pesada e sugerindo que soluções como pg_tileserv e Martin poderiam substituí-lo integralmente.
A argumentação apresentada, no entanto, baseava-se predominantemente em percepções individuais, sem uma análise técnica mais aprofundada ou consideração dos diferentes contextos de uso. Ao longo deste texto, apresento uma avaliação fundamentada sobre o papel do GeoServer no ecossistema geoespacial atual, demonstrando por que ele permanece uma solução robusta, amplamente utilizada em produção e longe de estar em processo de obsolescência.
1. pg_tileserv / Martin podem substituir o GeoServer em ambientes complexos?
A discussão sobre a substituição do GeoServer por ferramentas como pg_tileserv ou Martin tem ganhado espaço à medida que arquiteturas geoespaciais mais enxutas e orientadas a frontend se popularizam. No entanto, quando analisamos ambientes complexos e institucionais a resposta técnica é clara: essas ferramentas não são substitutos funcionais do GeoServer, mas sim componentes complementares.
2. Escopo funcional e vocação das ferramentas
pg_tileserv e Martin foram concebidos para resolver um problema específico: a entrega eficiente de dados geoespaciais vetoriais a aplicações web modernas, geralmente por meio de vector tiles ou APIs REST simples, com foco em desempenho, baixa latência e simplicidade operacional. Sua arquitetura stateless, o acoplamento direto ao PostGIS e a ausência de camadas intermediárias fazem dessas ferramentas excelentes escolhas para produtos digitais orientados a UX.
O GeoServer, por outro lado, foi projetado como um servidor geoespacial corporativo, voltado à publicação, gestão e interoperabilidade de dados espaciais em ambientes multiusuário e de longo prazo. Seu escopo funcional é deliberadamente mais amplo e atende a requisitos que não são cobertos por servidores de tiles ou APIs minimalistas.
3. Governança e ciclo de vida dos dados
Em infraestruturas complexas, o desafio central não é apenas servir dados, mas governá-los. Isso inclui:
- Publicação controlada de centenas de camadas;
- Organização por temas, domínios e responsabilidades institucionais;
- Gerenciamento de estilos, projeções e escalas;
- Controle de acesso por camada e por serviço;
- Auditoria e rastreabilidade.
Ferramentas como pg_tileserv e Martin não oferecem mecanismos nativos para esse tipo de governança. Para alcançar um nível equivalente, seria necessário desenvolver soluções adicionais para catalogação, versionamento, autorização e gestão operacional, deslocando a complexidade do servidor para a aplicação e aumentando o custo de manutenção.
4. Padrões OGC e interoperabilidade
Ambientes públicos e institucionais dependem fortemente de padrões OGC consolidados, como WMS, WFS e WCS, não apenas por questões técnicas, mas também por exigências legais, normativas e de interoperabilidade. Esses serviços permitem o consumo dos dados por uma ampla variedade de clientes, incluindo QGIS, ArcGIS e sistemas legados.
pg_tileserv e Martin não implementam esses padrões e tampouco se propõem a fazê-lo. Ainda que APIs REST e OGC API representem avanços importantes, a substituição completa de serviços OGC clássicos em ambientes consolidados é, na prática, inviável no curto e médio prazo.
5. Fluxos operacionais e perfil dos usuários
Outro aspecto frequentemente subestimado é o perfil dos usuários responsáveis pela publicação dos dados. Em plataformas complexas, técnicos e analistas utilizam fluxos consolidados, como a publicação direta de camadas a partir do QGIS, sem a necessidade de intervenção de equipes de desenvolvimento ou DevOps.
A adoção exclusiva de ferramentas como pg_tileserv ou Martin exigiria mudanças profundas nesses fluxos, demandando maior especialização técnica, automação customizada e novos processos organizacionais, um custo que raramente é justificável em ambientes públicos.
6. Escalabilidade: técnica versus institucional
É inegável que pg_tileserv e Martin apresentam vantagens claras em termos de escalabilidade técnica e simplicidade operacional. No entanto, em infraestruturas institucionais, a escalabilidade não se limita ao número de requisições por segundo. Ela envolve também:
- Continuidade operacional;
- Estabilidade a longo prazo;
- Facilidade de administração;
- Conformidade com padrões e políticas públicas.
Nesse contexto, o GeoServer demonstra sua robustez ao operar de forma estável em produção por anos, atendendo milhões de acessos e grandes volumes de dados, podendo citar como exemplo o GeoSampa, um dos maiores portais do país.
7. Arquiteturas complementares como caminho evolutivo
A evolução mais consistente para ambientes complexos não passa pela substituição radical do GeoServer, mas pela composição de arquiteturas. Um modelo híbrido, no qual o GeoServer permanece responsável pela governança, interoperabilidade e serviços institucionais, enquanto ferramentas como pg_tileserv ou Martin são utilizadas para a entrega eficiente de dados a aplicações web modernas, tende a oferecer o melhor equilíbrio entre inovação e estabilidade.
8. Conclusão
pg_tileserv e Martin representam avanços importantes no ecossistema geoespacial e são altamente adequados para determinados cenários. Contudo, em ambientes complexos e institucionais, eles não substituem o GeoServer. O desafio não é escolher entre “antigo” e “moderno”, mas compreender o papel de cada componente e projetar arquiteturas que respeitem tanto as necessidades técnicas quanto organizacionais.
A maturidade de uma infraestrutura geoespacial não está em adotar ferramentas minimalistas isoladamente, mas em integrá-las de forma coerente a um ecossistema que exige governança, interoperabilidade e sustentabilidade a longo prazo.






1. O que é o JDBCConfig
2. O que é o JDBCStore
3. Relação e diferenças entre JDBCConfig e JDBCStore
4. Como instalar o JDBCConfig e o JDBCStore no GeoServer 2.28.0
5. Conclusão

Dica: usando o endpoint layer[“ows”], é possível gerar um link direto de visualização do WMS retornado.
Criar estilos manualmente exige tempo, conhecimento de XML e testes repetitivos.
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